segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

O vento tentou avisar



Deixei pronto o café, como te prometi .

Ao lado uma caixa de chá para que escolhesses qual preferia tomar.

Fui ao jardim te esperar 

quando vi desabrochar rosinhas que o vento um dia fez semear.

As colhi com carinho para enfeitar a mesa já posta a te esperar. 

O sol nem estava ainda a brilhar e o vento forte veio me arrancar das mãos 

as rosinhas que ele mesmo semeou. 

Tentei recolher sem machucar as rosinhas que eu acabara de pegar.
 
Caíram a minha frente entre as pedras do alpendre.

Ao colocá-las no vaso em vão as tentei levantar, notei o caule dobrado sem jeito de recuperar.

Água em um pote de vidro com cuidado cortei os talos bem rente ao pedicelo

enquanto uma a uma na água eu as punha boiar. 

Já sabendo que não vinhas, (o vento tentou me avisar)

lágrimas brotaram-me do olhar, 

sacrifiquei as rosas por alguém quem nunca as verá.

As lágrimas misturaram-se a água que estava no pote azul

embalando as rosinhas que o viço vi voltar. 

Em homenagem a elas servi o café só pra mim 

 feliz por ver vivas as rosinhas que um dia colhi para  ti.

terça-feira, 24 de janeiro de 2017

"Um anjo em sua vida"

_As vezes penso porque é tão difícil lidar com os sentimentos que temos escondidinho dentro de nós. Porque em alguns momentos as coisas parecem ser tão diferentes do que imaginamos, porque tantas provações batem em nossa porta, porque nos permitimos sentir tristeza? 

_Porque tu és luz.

_ahhh tu estás ai?

_Sabe que sempre estou, ouvi você chorar. Pare com isso, fico entristecido!

_Como diz, somos luz.  Mas aos poucos a luz vai se apagando se esvaindo e não encontramos o interruptor.( riso)

_Você está dizendo isso porque está triste!

_ Estou! As vezes a gente cansa sabe.  Não encontramos nenhum estímulo, não conseguimos ter onde restaurar as forças que geram a nossa luz e a nossa força.

_Não é assim, sempre há alguém por perto. Você não está sozinha, eu estou sempre aqui!

_A solidão não me assusta, o que me assusta é ser sozinha para tantos pontos sem luz. Eu não consigo girar o moinho se não tiver uma ajuda.

_O vento ajuda o moinho! Eu ajudo você! Tu és forte, tu aguentas as provas que te vem!

_Sei disso, é o que todos pensam e dizem. 
Sou humana!

_Vai passar, enxuga esta lágrima! Ânimo!

_Um dia me perguntaram: "_Tu acendes velas para todos e quem acenderá a vela para ti, quando precisares?

_O ser humano pensa assim mesmo. Sempre haverá alguém para acender uma vela para ti!

_É tu que o dizes! Diz isso porque gostas de mim! Mas nem todo mundo gosta e isso é doloroso tu sabes.


_Sei! Mas como eu disse, isso também vai passar.

_Até hoje só eu acendi velas, tochas e candeeiros para iluminar o caminho dos que se aproximam de mim.

_Mas isso é tão bonito da sua parte!!!

_Pode ser, mas é difícil! Esquecem que eu existo! Eu sei que não posso cobrar nada, sou assim porque quero e é este o preço que pago por meu bem querer, por amar até mesmo quem nunca pediu!

_Não desanime, por favor! Seja forte, a recompensa virá!

_Não vou desanimar, só estou triste! Sabe que deixei de esperar recompensas ou retribuição a muito tempo.


_Quando parou de pensar em você! Mas Deus nos dá recompensas querida, ele sempre nos dá um presente por nossas boas ações!

_Como disseste! I
sso passa, tudo passa! (Riso) Estou feliz por estar aqui, por me ouvir, incentivar!

_Estarei sempre aqui, tu sabes disso, és meu tesouro. Basta apenas pensar em mim... e venho ter contigo! Jamais te abandonarei!Jamais, mesmo que me vires as costas! (riso)

_Não faria isso contigo, tu és minha força e energia, um presente de Deus. Gratidão meu anjo, por me fazer lembrar disso!










sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

Por trás do portão - ultima parte

Mais ou menos um ano depois do falecimento da avó, sonhou novamente com ela.

Neste sonho Regina estava parada na porta de um elevador esperando para entrar. Ao chegar ao térreo e as portas se abrirem, ela viu sua avó.

Vestida de dourado e sorrindo ela saiu do elevador e se aproximou de Regina.

Trazia uma bolsa pequena em seu ombro direito e a segurava com leveza.

Disse-lhe sem mover os lábios e sorrindo. 

_"Eu sei de uma coisa!"

E mostrava-lhe a bolsa também dourada, era nela que estava o segredo. 

Regina tentou se aproximar mas não conseguia ela se movia ligeiramente como se estivesse em uma esteira rolante. 

_O Que vó?O que você sabe ? Me fala Vó!

Acelerando o passo para tentar alcançar a avó, falava quase gritando:

_O que você sabe Vó? 

Uma espécie de  ônibus surgiu, não tocava o chão, a avó continuava sorrindo, um sorriso de cumplicidade que Regina não conseguia decifrar. 

E a vó abanou-lhe a mão e embarcou, Regina ficou ali parada vendo-a ir embora, deixando no ar e para sempre a dúvida que talvez em um outro tempo, em outra esfera ela descubra:

_O que minha avó sabia. 

Por trás do portão

Elas se aproximaram do enorme portão que estava fechado, haviam muitas pessoas que se aglomeravam em torno do único homem responsável pela liberação da entrada.

 As três se aproximaram do homem,  Isabel e Aparecida eram irmãs, Regina, era filha de Aparecida.

Regina falou com o homem que guardava o portão.

_ Queremos entrar.

_Só você pode entrar, elas não! - Disse o homem.

_ Mas elas são filhas dela, são minha mãe e minha tia, elas tem o direito de entrar!

_E você quem é? Perguntou o homem olhando para Regina.

_Eu sou neta, deixe que entrem também?

O homem então abriu o portão e as três entraram enquanto as demais pessoas esperavam lá fora a sua vez de "visitar" alguém que ainda não havia chegado ao local, por isso a espera.

O portão se fechou atrás delas, se depararam com um enorme salão, estavam paradas no patamar dois degraus acima do solo. Como em transe observaram todos aqueles leitos em forma de maca, todos tão baixos que as pessoas tinham que ficar de cócoras ou sentar-se em um dos banquinhos que havia ao lado da cabeceira de cada leito.
Eram tantos leitos que não daria para contar, todos uniformemente dispostos. Nem todos estavam ocupados, os que tinham um ocupante tinham também um parente a fazer-lhes visita.

_Como vamos achá-la aqui?  É muita gente! -Disse Isabel assustada com o que via a sua frente, Aparecida parecia em festa.

Regina desceu os dois degraus para o solo e fez sinal para que ambas a seguissem.

Começaram a travessar o corredor do enorme salão atrás de Regina que parecia saber exatamente onde encontraria a avó e sem titubear dirigia-se ao final do enorme salão com as duas seguindo seus passos. Não era possível ver o rosto dos “pacientes” e nem mesmo dos visitantes.

Regina parou diante de uma das macas olhou para Aparecida e Isabel que estavam distraídas e assustadas olhando tudo aquilo. quando as duas olharam para Regina com ar de felicidade, souberam que ela havia encontrado a avó.

_Ela esta aqui, tia sente aqui e mãe sente do outro lado.

_Você não vai sentar?  -Perguntou Aparecida

_Não mãe, sente-se você e a tia que são filhas dela!

Regina se dirigiu aos pés da maca e abaixou-se para ver a avó que estava com uma espécie de sonda que vinha do alto e entrava no nariz, com as pernas cobertas, vestia uma blusa verde e seus cabelos estavam branquinhos sem a tintura que ela sempre usava. 

_ Oi Vó! -Disse Regina sorrindo - _Viemos te ver.

A avó trazia no rosto uma expressão de dor, mas não uma dor física. Não dirigiu palavra alguma para nenhuma das filhas,  olhava para a neta, sabia que ela entendia o que estava sentindo.

Regina então estendeu a mão para acariciar seu rosto e pela primeira vez a avó se moveu para impedi-la , ouviu a voz da avó que falava sem mover os lábios e somente Regina a podia ouvir:

_Não! Eu ainda estou sentindo!

Neste momento Regina entendeu, esta era a despedida definitiva.

Uma voz que Regina não conseguia ver de quem e nem de onde vinha, explicou à ela que elas estavam no mundo espiritual, um lugar entre os dois mundos, onde os desencarnados recentemente ficavam esperando pela missa de sétimo dia, e após isso seriam levados aos lugares designados a cada um. 
Então Regina entendeu, é por isso a avó ainda sentia, sentia a separação, a sonda era o fio da vida que ainda a ligava a esfera terrestre e aos entes queridos, por isso a sonda (o fio) vinha do alto e entrava-lhe nas narinas.

Regina acordou com lágrimas nos olhos! Ela tinha a sensação de que viverá realmente aquela situação! 

Lembrou-se que a avó quando viva,  sempre falava para ela:

_Quando eu for embora, se eu tiver a oportunidade de falar com Jesus, vou falar de você! 

A missa de sétimo dia ainda não havia acontecido, fazia poucos dias que a avó havia falecido.

Lembrou-se que no leito de morte a avó apertou sua mão como se dizendo:

_Se eu ver Jesus falarei de você! 

Continua...



 


terça-feira, 17 de janeiro de 2017

Armadilhas

_O que você tem? Não está legal hoje!

_Não sei, tem horas que o coração da gente aperta de um jeito...

_Tem que haver um motivo, as coisas sempre tem um porque... e sempre há uma solução!

_ Na verdade... eu sei o que é!

_Ótimo! Já tem meio caminho andado. E o que é, posso saber?

_Digamos que é uma armadilha!

_Armadilha?

_Sim uma armadilha que eu mesma criei.

_ E... eu posso ajudar você?

_Não tem como! Assim como os sonhos são só nossos porque nós os criamos, também os "nós" que apertam nosso coração somente podem ser desfeitos por quem deu a laçada... nós mesmos!