Em um dia de sol, vovó pegou as duas meninas e saiu para um passeio,
O caminho de terra e pedra, morro íngreme fácil de
escorregar,
em dias de chuva não se arriscava passar.
Tranquila saíram as três, uma neta em cada mão, caminhavam
devagar.
A mais novinha, com suas chupetas, sim eram duas chupetas,
uma pra chupar e outra que ela gostava de cheirar.
A pequena encaixava
direitinho, uma chupeta entre o nariz e
a chupeta que sugava na boca. De quando em vez, raspava a chupeta de cheirar na roupa,
uma forma talvez de renovar o que eu
chamo de “cheiro de borracha queimada”
A neta mais velha, tinha medo de altura, em um
determinado local da trilha em que seguiam, um enorme buraco com a passagem de
uma canalização estava aberto. Apavorada, pediu o colo da avó, que a pegou, e prosseguiu a caminhada com uma
menina no colo e a pequena segurando pela mão.
Caminho interrompido... tudo muito rápido, a avó e a
menina em segundos estavam no fundo do buraco, A pequena com uma chupeta no nariz e outra na boca, espiava
curiosa pra baixo, enquanto a avó
gritava pra ela:
“Filha, busca ajuda bem. Chama alguém pra tirar a gente
daqui !”
E a menininha espiava lá em baixo, e não entendia o que
estava acontecendo.
“Vai meu bem! Procura alguém pra tirar a gente daqui meu amor.”
Um tempo depois alguém passou e vendo a menina parada a beira do
buraco,
entendeu os gestos da pequena, olhando para baixo e saindo em disparada para pedir ajuda, deixando a menina aos cuidados de uma outra pessoa.
Depois de um tempo foram tiradas do buraco com apenas
alguns arranhões.
Pois é... aconteceu comigo.
Minha irmã era a pequena da chupeta, eu a criança que caiu no buraco com
minha avó paterna.
Estou aqui e tantos anos depois ainda não esqueci e também não perdi o medo de altura.
Ainda dou muita risada quando lembro esta história e a cara que minha irmã fazia nos expiando sem largar as chupetas e sem entender porque ela também não estava lá.
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