domingo, 4 de setembro de 2016

O passeio

Em um dia de sol,  vovó pegou as duas meninas e saiu para um passeio, 
O caminho de terra e pedra, morro íngreme fácil de escorregar, 
em dias de chuva não se arriscava passar.
Tranquila saíram as três, uma neta em cada mão, caminhavam devagar.
A mais novinha, com suas chupetas, sim eram duas chupetas,
uma pra chupar e outra que ela gostava de cheirar.
A pequena  encaixava direitinho, uma chupeta  entre o nariz e a chupeta que sugava na boca. De quando em vez, raspava a chupeta de cheirar na roupa, uma forma talvez  de renovar o que eu chamo de “cheiro de borracha queimada”
A neta mais velha,  tinha medo de altura, em um determinado local da trilha em que seguiam, um enorme buraco com a passagem de uma canalização estava aberto. Apavorada,  pediu o colo da avó, que a pegou, e prosseguiu a caminhada com uma menina no colo e a pequena segurando pela mão.
Caminho interrompido... tudo muito rápido, a avó e a menina em segundos estavam no fundo do buraco, A pequena com uma chupeta no nariz e outra na boca, espiava curiosa pra baixo, enquanto a  avó gritava pra ela:
“Filha, busca ajuda bem. Chama alguém pra tirar a gente daqui !”
E a menininha espiava lá em baixo, e não entendia o que estava acontecendo.
“Vai meu bem! Procura alguém pra tirar a gente daqui meu amor.”
Um tempo depois alguém passou e vendo a menina parada a beira do buraco,  
entendeu os gestos da pequena, olhando para baixo e saindo em disparada para pedir ajuda, deixando a menina aos cuidados de uma outra pessoa.
Depois de um tempo foram tiradas do buraco com apenas alguns arranhões.
Pois é...  aconteceu  comigo.  Minha irmã era a pequena da chupeta, eu a criança que caiu no buraco com minha avó paterna.
Estou aqui e tantos anos depois ainda não esqueci e também  não perdi o medo de altura. 
Ainda dou muita risada quando lembro  esta história e a cara que minha irmã fazia nos expiando sem largar as chupetas e sem entender porque ela também não estava lá. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário